Tive uma passagem rápida pelo Uruguai em abril de 2010, quando voltava de Buenos Aires, e para desfazer uma má impressão, resolvi voltar, agora com mais tempo e dedicação.
Comprei uma passagem relativamente barata pela Gol, com escala em Porto Alegre (R$ 340,41 ida e R$ 141,72 volta, sem taxa de embarque, cobrado lá no aeroporto de Carrasco) e reservei 6 noites em um albergue no centro de Montevidéu, é claro, com banheiro privativo.
Eu e uma amiga embarcamos no dia 30 de julho, inverno gelado no Brasil e frio insuportável no Uruguai! Li que a temperatura estaria entre 8 e 9 graus, mas ao chegar em Montevidéu senti o que é realmente frio. Sob uma temperatura de 4 graus e rajadas de ventos, Uruguai me deu boas-vindas.
Antes da viagem, como sempre, busquei informações sobre o país e entre elas, li que os homens uruguaios são muito bonitos e relativamente fáceis. Assim que cheguei no aeroporto, vazio, avistei 2 semi deuses. Já me empolguei!!
Como chegamos de madrugada, a melhor opção (única na verdade) era tomar um táxi até o hostel e para agilizar o processo e não mais adiar o sono, utilizamos o serviço credenciado no aeroporto. É claro que saiu mais caro (480 pesos uruguaios), mas aceitam dólar, pesos, cartão e até real.
No caminho até o hostel, além de me assustar com os termometros, pude ver uma cidade elegante, com casas estilo americano e extremamente charmosas, além do rio da prata, que os uruguaios adoram chamar de mar.
O Hostel El Viajero Downtown, localizado na calle Soriano, próximo a Cidade Vieja, é agradável, com quartos e banheiros limpos, ao contrário da cozinha. O staff é simpático e prestativo, principalmente o gigante Sebastian, mas há poucas informações sobre a programação local (talvez porque não haja programação de inverno). Preço total da hospedagem: 5.000 pesos (aproximadamente 245 dólares) para duas pessoas.
É claro que esse frio todo não nos impediu de conhecer a cidade. No sábado, com um mapa e um guia na mão, saímos para caminhar e explorar. A partir da Plaza da Independência é possível caminhar pela Cidade Velha na peatonal (caminho de pedestre) Sarandí, que parte da Puerta de la Ciudadela e termina no rio da Prata. Durante essa caminhada é possível ver o Museu Torres García, o Cabildo de Montevidéu, a feira de artesanato, a Plaza Matriz, o Templo Inglês e o Museu da Palavra. Por fim, uma vista do rio.
Passagem e parada obrigatória é o Mercado del Puerto, cheio de restaurantes com a autêntica parrilla uruguaia, bem mais exóticas que as argentinas e é claro, que as nossas. Mas vale a pena o risco...Também não deixe de experimentar "medio y medio", uma mistura de champagne e vinho branco, bastante consumida no país.
Antes de sentar em uma das inúmeras mesas, ainda disponíveis, do mercado para degustar a parrilla, resolvemos dar mais volta pela Ciudad Vieja. Ao sair do mercado, vimos uma muvuca estranha. Jovens gritando, correndo, cobertos de farinha e ovo. Em princípio achamos que fosse comemoração de aniversário (pelo menos aqui é nessas ocasiões que esta cena acontece, entre os adolescentes é claro), mas não era bem isso. Afastada do movimento com medo de tomar uma ovada, ouvi que tratava-se da comemoração de conclusão do curso de medicina.
Mais algumas fotos e tempos (e ventos) depois, já com muita fome, voltamos para o Mercado para almoçar. Neste momento, encontrar uma mesa foi mais complicado já que os "fedidinhos" médicos também estavam com fome (os ovos não foram suficientes). Escolhemos um restaurante (são praticamente iguais) e solicitamos uma mesa. Na espera, degustamos mais um copinho de medio y medio (sedente por cerveja na verdade).
Assim: os paulistanos são exigentes por natureza e mal acostumados. Temos os melhores restaurantes, todas as opções e um serviço de excelência. Isso tudo é muito bom, mas temos que deixar um pouco de lado quando estamos dispostos a conhecer e experimentar a cultura alheia (pena que nem todos fazem isso). O atendimento demorou um pouco e o mais interessante, há um costume de compartilhamento. Essa coisa de molhinho único por mesa não existe. O chimichurri (molho picante a base de azeite e alho, com salsinha, óregano e páprica) é delicioso e tem que ser experimentado, mesmo que antes tenha passado por várias colheres diferentes. Se o seu nojo é excessivo e incontrolável, feche os olhos, mas não deixe de experimentar.
Claro, pedido obrigatório - churrasco. Pedimos o prato para 2, com saladinha e pão, acompanhado de uma Patrícia, uma das deliciosas cervejas uruguaias. Quando a parrilla chegou, quase me perdi no meio das carnes (não identificáveis). No prato, ou m
elhor, na grelha, tinha um bifinho e uma linguicinha normais, pimentão, chinchulin e morcilla (conto o que é no final). Gosto muito de assistir o programa do Andrew Zimern na Discovery, mas não tenho a metade da coragem dele para experimentar coisas exóticas. Deixei a morcilla e o chinchulin de lado, quem sabe para uma próxima vez, apesar de que depois que fiquei sabendo do que era feito, acho que nem depois...

Depois de muita carne e Pilsen (a Skol mais encorpada deles), voltamos a caminhar para fazer o processo digestivo. Nesse momento, o mercado continuava lotado, só que quase exclusivamente de melecados médicos (até que tinha uns pegáveis).
Dica: não saia na rua, durante o inverno uruguaio, apenas de moletom...casacos, cachecol, luvas e toquinha são imprescindíveis! Ah, leve também óculos de sol e guarda-chuva. Quem mora em SP está acostumado a carregar esses objetos sempre na bolsa.
Para trocar dinheiro, vá até a Avenida 18 de Julho, no centro e não entre na primeira casa de câmbio. Vale a pena pesquisar. Os valores mudam de um lugar para o outro. O melhor câmbio que achei foi na Regul (Av. 18 de julio, 1126), próximo a Plaza Cagancha.
Depois de muito andar, já escuro em Montevideu (isso acontece por volta das 18 hrs no inverno), voltamos para o hostel. Ducharse e descansar para a balada, enfim era sábado...
Também tinha lido que na Ciudad Vieja (próximo ao hostel) a noite fervia, mas acho que quem escreveu isso só conhecia a cidade no verão. Enfim, fomos a pé (frio insuportável) até o bar-balada (alias, danceteria lá se fala boliche) El Pony Pisador (várias recomendações). Esse horário, umas 11:30 p.m., as ruas já estavam bem vazias, então resolvi acelerar o passo. Sem problemas, mas cuidado, apesar de Montevideu ser considerada uma das cidades mais seguras da América do Sul, mulher (es) sozinha(s) é abordada e até seguida...
Quando chegamos no bar, ainda havia mesa disponível (uma única), pedimos uma cerveja para começar. Um adendo sobre a cerveja: lá, não é costume beber long neck e copo, latinha então é peça de museu, o negócio é LITRÃO....Na verdade, bebe-se muito litrão (Pilsen, Patricia, Norteña e Zillertal), mas a praticidade pede uma garrafa tamanho normal. E é assim na balada: você não chega no balcão e pede uma cerveja, esperando algo singelo. Tem que ter força, disposição e muito equilibrio para andar no meio do povo e dançar, segurando o litrão (no caso o casco com 960 ml de líquido cevado). Ah, sem falar nos uruguaios, que adoram piropos (xavecar) as brasileiras, mas demoram para engatar uma segunda...piropo daqui, piropo dali....
El Pony Pisador é o lugar! Uma das melhores baladas que já fui (contando as inúmeras visitadas aqui em SP). No começo, sentadinha, tomando umas e ouvindo a bandinha uruguaia tocar rock e outras coisas mais (o vocalista álias podia tocar na minha banda, ops! mas não tenho uma). Depois do efeito coletivo do litrão, recolhem-se a banda e as mesas e todo mundo começa a dançar ao som do DJ. Sabe aqueles lugares totalmente ecléticos, principalmente no estilo musical. Este é o lugar: relativamente pequeno (para chegar ao banheiro tem que subir uma infinita escada), lotado de uruguaios (não encontrei outros estrangeiros perdidos), o que é bom, pelo menos para mim, gente bonita (corroborando com a reportagem sobre os uruguaios) e divertido acima de tudo. Lá, eu dancei rock, axé, samba, funk, salsa, sertanejo (João Bosco e Vinícius) e a dramática (e mexicana, desculpe a redundância) música uruguaia.
Eu simplesmente sou tarada por homem que sabe dançar e não tem vergonha de mostrar. E melhor, foi uma surpresa! Não tinha ligo em lugar nenhum esse dote uruguaio. Eles cantam, eles encenam e dançam muito. Me acabei....aprendi vários passos e dancei muito. Fora o litrão...É ou não é a melhor balada!? Pelo menos para quem gosta de diversão, com certeza.
Se as 11 da noite a cidade já estava quase deserta, imagina as 5 da manhã!!!
Nem preciso mencionar que não conseguimos acordar a tempo de desayunar. O Ministério da Saúde adverte: o litrão derruba...literalmente.
O domingo parecia ainda mais gelado. O vento faz com que a sensação térmica seja muito inferior a temperatura real, que já era 5/6 graus.
Como no dia anterior tínhamos andado a 18 de julio inteira, resolvemos tomar um ônibus dessa vez. É muito fácil utilizar esse meio de transporte. Tem bastante opção, dependendo da linha são limpinhos, confortáveis e acima de tudo baratos. Lá o preço varia de acordo com o percurso, quanto menor, mais barato. Por exemplo: a linha Ciudad Vieja até Terminal Tres Cruces, que passa por toda 18 de julho, custa 10 pesos (1 real). Ah, e o passageiro pode descer tanto por trás, quanto pela frente, pois não há cobrador e roleta.
Nesse dia, fomos até o Estádio Centenário (feio, mal tratado e fechado), passando pelo Parque J. Batlle y Ordoñez, próximo a famosa e extensa avenida Itália, caminho para o aeroporto. Posso afirmar que o Sr. Artigas (herói da independência e deus dos ventos - título nosso), foi bem generoso nessa região.....Puta frio !!!! Onde os ventos se concentram...
Para tentar aquecer os dedos petrificados, fomos almoçar. Lugar fechado, ar quente, comidinha (com refrigerante dessa vez). Fomos em uma das lojas La Pasiva, uma rede famosa de restaurantes uruguaios. Lá você encontra de tudo...Gostoso!!! Vale a pena. Ravioli + refrigerante + pão + café = 176 pesos ou 18 reais.
Respiramos fundo e fomos enfrentar o frio novamente, enfim, desbravadoras sempre enfrentam os obstáculos. Descemos a Avenida Gal Artigas, onde fica a embaixada brasileira (avenida muito bonita por sinal) e chegamos até o Parque Rodó, onde tem uma feirinha até as 16 hrs, um lago com pedalinhos, exposição ao ar livre e gente louca (cuidado, você pode ser abordado por uns alienígenas ou coisa do gênero). Sério, vale a pena a visita, mas fiquem atentos a sua volta.
Na saída do parque em direção ao rio, de uma passada no Cassino, pelo menos para conhecer (mochileiros: deixem seus pertences na chapelaria). Em seguida, tentamos seguir pela Rambla Presidente Wilson, beirando o rio, mas o vento quase nos derrubou.
Já voltando para o hostel, passamos no supermercado Disco, que só perde para a rede Ta Ta, e compramos Norteña (no mercado a garrafa de 1 litro custa 46 pesos com envase, na balada de 80 a 90).
A noite tentamos ir na Fun Fun, uma casa de música uruguaia, localizada na rua Ciudadela, mas como não encontramos (ponto fraco de Montevidéu: dificuldade de encontrar placas com nome das ruas), fomos a um Pub "The Shannon", localizado na Bartholomeu Mitre, 1318 - Ciudad Vieja. Música muito boa (ao vivo), assim como a pizza.
Na segunda aproveitamos para conhecer Punta del Leste, a 2 hrs de ônibus (145 km) de Montevidéu. Também é muito fácil se locomover no país. Há muitos ônibus intermunicipais que saem constantemente do Terminal Tres Cruces, localizado no subsolo do Shopping com o mesmo nome. As passagens também tem preços bem acessíveis, para Punta por exemplo, o valor é 144 pesos (15 reais). Para se ter uma idéia, uma passagem de SP a Americana (132 km) sai R$ 29,00.
Há 2 empresas que fazem esse trajeto: Copsa e Cot. Fomos nessa última, mas torçam para não ser a vez do "podrinho". A companhia tem ônibus novos, mas ainda mantem os antigos circulando e para nosso azar, só andamos nesse.
As partidas são pontuais, as estradas razoáveis e a viagem, consequentemente tran
quila. Punta no inverno estava as moscas. É muito bonita, com construções megas, mas é feita para o verão. Não há nada para fazer fora da alta temporada. Valeu para conhecer, principalmente o porto, com seus fabulosos iates e o monumento La Mano (famoso dedinhos), localizado na Praia Brava. Não chegamos a conhecer a Casa Pueblo, em Punta Ballena (cerca de 1/2 hora de Punta), que dizem ter a melhor vista do pôr do sol. Fica para a próxima!

Almoçamos em outra rede uruguaia famosa - Il Mondo della Pizza (Avenida Gorlero - a mais famosa de Punta), mas como tudo lá em Punta é mais caro, pagamos 220 pesos o chivito (sanduíche de mignon) e 140 o litrão da Pilsen (total: 36 reais).
Punta é pequena e você consegue ver quase tudo em poucas horas, principalmente no inverno. Como fica localizada no estreito entre o Atlântico e o Rio da Prata, venta muito o que nos incentivou a voltar para Montevideu mais cedo.
No dia seguinte fomos a Colonia do Sacramento, a cidade mais antiga do Uruguai, descoberta em 1680 e declarada Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade. Fica a 2 hrs e 45 minutos de ônibus da capital. Novamente tomamos um coche no Terminal Tres Cruces e por 179 pesos você faz um passeio em direção ao sudoeste do país. O interessante é que Colonia está a apenas 50 km de Buenos Aires e esta viagem pode ser feita de Ferryboat pelo Rio da Prata.
Existem 3 opções de empresas rodoviárias (COT, Turil e Chadre). Devido a experiência com a Cot (lembra do podrinho?), fomos de Turil. Você pode comprar passagem de ida e volta e deixar essa com data e horário em aberto, com validade de 60 dias.
Próximo a Colonia já enxergamos as estancias coloniais, estilo Texas e Novo México, com vastos campos....muito lindo.
Colonia é uma cidade pequena, mas aconchegante. Tem a parte mais nova (isso significa uns 300 anos) e a Ciudad Vieja, colonizada por portugueses. O Terminal de ônibus fica próximo a Avenida Gal Flores (principal), que seguindo chega ao bairro antigo, com ruas de pedras e construções do século XVII.
O gostoso é caminha
r pela cidade velha, mas cuidado com torções....se esta não for sua opção favorita, existem carros de golf e triciclos que podem ser alugados.

Começando pela Puerta de Campo você obrigatoriamente tem que passar pela Calle de los Suspiros, Plaza Mayor, Farol de Colonia, ruínas do antigo Convento de São Francisco, Igreja Matriz e Bastion del Carmen. No final do passeio, sente (ou deite) nos banquinhos espalhados pelos mirantes ao longo das margens do rio, e curta a vista....É maravilhoso.
Lá sim vale a pena passar uma noite. Não vi, mas acredito que o pôr do sol seja fascinante.
Para almoçar tem uma opção barata na esquina da Gal Flores com a Ituzaingó, o Mercosur. Lá aceita pesos uruguaios, argentinos, dólar e real, só não aceitam cartão. Há também a opção da rede La Pasiva na mesma rua Gal Flores.
Saímos de Colonia as 18 hrs e assim que chegamos a Montevideu, parada obrigatória no Ta Ta para a compra do último litrão...na verdade, resolvemos fazer a noite do vinho (Tannat é claro) e para completar, pãozinho quente e cream cheese, enfim era meu aniversário....
Nosso voo de volta ao Brasil saia às 5:50. Optamos por não dormir (difícil!!!). Tomamos o táxi às 3 (alta velocidade) por metade do preço da chegada e tranquilamente esperamos o horário do regresso. Ah! não esqueçam de guardar 36 dólares para pagar a taxa de embarque lá no aeroporto.
Adorei o Uruguai. O povo é maravilhoso, solícito e simpático. O país é fofo e acolhedor. O que mata é o frio, principalmente para nós que não estamos acostumados. Mas como disse o taxista, tenho que voltar no verão.
Ah, já estava me esquecendo...Morcilla é sangue de vaca coagulado (o nosso chouriço) e chinchulin é instestino fino....Aceita provar?
Adorei, viajei na leitura como se estivesse lendo um romance fui nas ruas e vi os formandos e me vi dentro do "boliche" rsrsrs, me ajudou a pensar melhor se vou ou não a montevidéu, pois tenho um guapo por lá mui interessante rsrs bjs
ResponderExcluirConcordo com os homens bonitos!!! No verão punta e otimo super indico!!!
ResponderExcluirAdorei tudo.
ResponderExcluirHola Marcela, ahora en Uruguay es verano,está caluroso, saludos desde Montevideo, las brasileras también son muy lindas :-)
ResponderExcluirTe deseo felíz año nuevo, saludos
ResponderExcluir