Aqui estamos

Amigos amantes do mundo, este espaço é dedicado à vocês.
Aqui relato algumas de minhas experiências em viagens, na maioria das vezes, feitas sozinha. Fatos, experiências, histórias, lugares e pessoas fascinantes que encontrei pelo caminho. E é claro, algumas precauções para uma viagem tranquila e radiante.
Também aceito dicas e experiências alheias. Trocas serão sempre bem vindas.
Beijos

terça-feira, 27 de julho de 2010

A Maravilhosa Barcelona

Barcelona faz parte do capítulo da vida: lugares que TENHO que conhecer antes de morrer. Pois é, Barcelona é destino obrigatório para qualquer turista, principalmente os que buscam agitação e muita cultura.
A partir da estação de trem Chamartín em Madri, é possível reservar (compre a passagem com antecedência) um "coche" até Barcelona. Se puder pagar mais caro, prefira o fast train. Na ida, consegui comprar um lugar em um vagão leito, pois além de ser uma viagem noturna, dura aproximadamente 9 horas. São vagões pequenos (2 beliches super apertadas em cada vagão), onde era impossível se mexer e respirar, pois quase beijava o teto e ainda por cima, dormi abraçada a mochila, com medo de assalto. Barcelona além de muitos turistas, tem muito trombadinha...Atenção redobrada !!!
Chegamos cansadas na estação Sants e de lá tomamos um trem até a Praça Catalunya, no centro da cidade.
A língua catalã é bem diferente do espanhol dito em Madri. Várias palavras incompreensíveis que precisam de um símbolo ou uma dedução auxiliar.
Já havíamos reservado um hostel em Barcelona, há 4 quarteirões da Praça Catalunya, mas apesar disso demoramos umas 2 horas para achar o local (inexistente no mapa). Há muitas ruelas sem identificação, o que dificulta a localização. Os albergues em Barcelona são uma boa opção para mochileiros e hospedagens curtas.
Quando finalmente encontramos o hostel, o desejo era dormir. Infelizmente não me lembro o nome desse albergue, mas, além de ter banheiro compartilhado, comum nesse tipo de hospedagem, o quarto era sujo (vi baratas a noite), com apenas uma cama de casal. Por isso, vale a pena reservar antes em lugares com indicação de frequentadores.
Depois de tomar um resistente café da manhã, fomos curtir a cidade. Era verão e o sol brilhava.
Barcelona é realmente belíssima, com uma arquitetura autêntica e translumbrante, sem falar no povo, bem solícitos e sorridentes.
Optamos pelo ônibus turístico para conhecer um maior número de atrações. Há duas ou mais opções de rotas e você pode comprar o passe válido por 1 dia, assim é possível descer no lugares mais atrativos e esperar pelo próximo ônibus para continuar o passeio.
A primeira parada foi a Casa Milá ou La Pedrera, lá, além da arquitetura pode se apreciar também o museu Gaudí...Aplausos incessantes para esse gênio.
Passamos pela Diagonal, Plaza da España, pelo museu de Arte Nacional da Cataluña, pueblo espanyol, Montjuic, Fundació Miró e pela Vila Olímpica, região portuária (Port Vell) revitalizada para sediar as Olimpíadas de 92, ao final da famosa Ramblas, que se inicia na Plaza Catalunya, que abarca bares e restaurantes, praia, coqueiros, veleiros e iates e muita gente bonita.
A noite fomos para o Maremagnum, um espaço com casas noturnas, bares e restaurantes, próximo a Vila Olímpica. Você pode cambiar de um lugar a outro, mas como em Madri, os homens são bem salientes e sem reservas para expressar o seu desejo sexual.
No dia seguinte fomos ao Museu Picasso. MARAVILHOSO !!!! Depois seguimos a Sagrada Família, que também dispensa apresentações. Mas não vale a pena entrar na igreja, ainda inacabada, fique apenas admirando e fotografando a parte externa.
O bairro gótico e a sua catedral também são atrações indispensáveis. Em decorrência da Festa de São Thiago, o bairro estava lotado, principalmente de "velhinhos", dançando e cantando, super animados. Na volta para o hotel, encontramos uma senhora muito fofa no metro que conversou conosco e até nos convidou para tomarmos chá em sua casa. Uma graça!
Quando voltamos ao hostel, conhecemos um americano muito bonito, o Billy, que também estava viajando sozinho pela Europa. As meninas se empolgaram com o rapaz e o convidaram para sair a noite. E é claro que ele aceitou.
Primeiro fomos ver o espetáculo das águas na praça em frente ao Museu de Arte Cataluña. Muita luz e música, diante de um grande show. Depois, fomos novamente no Maremagnum e em seguida a uma boite mais afastada (Luna Mora, ao lado do Planet). As danceterias fora do complexo do Maremagnum são mais sofisticadas, mas também cobram taxas caras e gostam de implicar com estrangeiros, portanto, vista-se discretamente. Por sorte, um dos seguranças do local era brasileiro e facilitou a nossa entrada (o local estava lotado) e também permitiu a entrada do Billy que, por ter o cabelo raspado, foi proibido de entrar pela porta da frente.
Mais esse tal de Billy acabou dando dor de cabeça. Bonitinho, mas ordinário. Dançava muito e sobre o palco, se exibindo demasiadamente. De repente sumia...Comportamentos muito estranhos. Até que ressurge, carregado por um segurança que o encaminhou para fora do local. Fomos ver o que estava acontecendo e Billy nos disse que foi retirado do banheiro porque estava dormindo, mas segundo o segurança brasileiro, ele foi pego cheirando cocaína. O pior é que o americano disse aos seguranças que estava com a gente e é claro, fomos chamadas para esclarecer o assunto. O nosso amigo segurança nos disse que, se essa cena tivesse acontecido na rua, poderíamos ter sido encaminhadas a delegacia e imediatamente extraditadas. Pode !!!!
Não satisfeito, a criatura americana ficou esperando a gente sair da boite e nos seguiu. Tivemos que pegar um táxi e ficar rodando pela cidade para despistá-lo, isso às 6 da manhã. Aproveitamos para ver o nascer do sol na praia. Belíssimo!
No domingo, cansadas, fomos até o Parque Guell, que transpira Gaudí. Mas estava tão insuportavelmente lotado, em decorrência do Festival de Verão, que assim que conseguimos um espacinho para sentar, nos prostramos.
Estudantes são costumeiramente escassos de dinheiro e comigo não foi diferente. No último dia em Barcelona, já estávamos pobres e tivemos que recolher todos as moedas para conseguir comer. Dividimos no café da manhã, uma porção de churros com chocolate (imperdível) e no almoço 2 pequenos sanduíches de atum, para 4 pessoas. É, vida dura!
A volta para Madri foi um pouco (para não dizer muito) pior que a ida. Não conseguimos vagão leito, então voltamos sentadas em um vagão minúsculo, com 8 poltronas (4 de cada lado) sem espaço para esticar as pernas e muito menos deitar. Não podia ser diferente: 10 horas de viagem, sem pregar os olhos.
Mas o final de semana foi inesquecível !!!

Dicas:
  • Ramblas: dois km de bares e restaurantes 24 horas, visite também o Mercado de San Joseph (La Boqueria) e a antiga fábrica de tabacos das Filipinas.
  • Nou Camp: estádio do Barcelona, aproveite para ver o museu.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sevilha e o seu flamenco

No primeiro final de semana na Espanha, fomos a Sevilha. Partimos da estação Atocha em um trem rápido (AVE) que mais parece um avião, até melhor, e depois de 2 horas de uma linda paissagem de campos de girassóis, chegamos a capital da Andaluzia.
Sevilha é maravilhosa e estava muito quente (47 graus), até para mim, que amo o calor.
Ficamos em um albergue bem bacana.
Como chegamos tarde, fomos aproveitar a noite em um bar localizado no estreito do rio Guadalquivir, no charmoso bairro de Triana, bem propício para o verão.
No dia seguinte, saimos para andar, afinal não há melhor meio de transporte recomendado para conhecer o maior número de lugares em tão pouco tempo. Fomos primeiro ao Parque Maria Luisa, a Plaza de España e depois ao Palácio Reales Alcázares, um lugar explendido com muitos jardins e uma arquitetura muçulmana/cristã, cenário do filme "Missão Impossível II", onde o Tom viu seu par romântico pela primeira vez. Ao lado do Palácio, fica a catedral gótica e a torre Giralda, tão bonitos quanto.
Quando entrei na igreja me surpreendi, o altar era todo em ouro, as estátuas, os santos, os cálices, os sagrados, tudo belíssimo. Foi uma emoção imensa. Fiquei encantada com o local.
Passado o transe, subi a escadaria da torre, de onde se abre a mais ampla e bela vista da cidade. Maravilhoso!
Para descansar um pouco, fomos a uma das muitas docerias da cidade. Não dá para resistir. Programa imperdível. Ah! Foi nessa cidade também que comi o melhor atum da minha vida, nada daqueles enlatados, e sim uma bela e saborosa peça do peixe, banhado no azeite.
No final da tarde, esgotadas, resolvemos voltar ao albergue de ônibus, quando de repente avistamos um belo rapaz. Passamos por ele, admiradas, quando resolvemos voltar e abordá-lo. Também não dava para resitir àquela cor de pele queimada pelo sol e pernas tão robustamente definidas. Cercamos o pobrezinho de uma forma que foi impossível escapar e como coincidentemente estava hospedado no mesmo albergue que a gente, fomos todos caminhando juntos, depois de mais um passeio (já com os pés doendo, o que a gente não faz por um homem bonito. Afe!).
Tratava-se de um bombeiro americano, que estava passando férias sozinho na Espanha (coitadinho, sem companhia) e não falava uma palavra de espanhol. Já no albergue, ele mostrou suas aptidões...tarado! Diante de 5 mulheres, centro das atenções, é claro que ia tirar uma casquinha, afinal na terra de Don Juan...
A noite fomos a uma Taverna, assistir a um espetáculo flamenco, programa também obrigatório. Lugar pequeno, aconchegante, com muita música, dança e sangria. Ulalá! Andar pelas ruelas do bairro Santa Cruz é espetacular.
Lindo !!! Recomendo.

Dicas:
  • Catedral e La Giralda - Plaza del Triunfo, s/n
  • Reales Alcazares - Plaza del Triunfo, s/n
  • Parque Maria Luisa e Plaza de España - ao sul da catedral
  • Torre del Oro - Paseo del Colón, s/n
  • Cafeteria La Campana - Plaza del Salvador

Copa do Mundo 1998 - a comemoração (e a tragédia)

No dia 07/07/98, na semi-final da Copa da França, jogo entre Brasil e Holanda, com final totalmente diferente do desastroso 1x2 desta última Copa, fomos a Casa do Brasil. Trata-se de uma residência de estudantes estrangeiros que vivem em Madri, localizado próximo a embaixada do Brasil no bairro de Moncloa, belíssimo, onde também está a residência oficial do presidente do governo.
Jogo do Brasil, vários brasileiros reunidos, só podia ter samba e muito verde-amarelo, além da festa, é claro...Fora brasileiros, o lugar estava lotado de estrangeiros, todos em busca de alegria.
Após uma sofrida vitória da nossa seleção, fomos terminar (ou melhor começar) a comemoração no centro da capital. Já na estação de metro, estendemos uma imensa bandeira em um dos últimos vagões e lá mesmo, o samba tomou conta do local...por alguns minutos o metro ficou parado na estação em virtude de uma algazarra brasileira...imagina dezenas de pessoas felizes, pulando e cantando dentro do vagão!
Fechamos uma rua próximo a Puerta del Sol (onde encontram-se alguns bares brasileiros) e a festa continuou até a madrugada. Me lembro dos moradores gritarem e jogarem água sobre nós, mas nada fazia parar a alegria brasileira...
Foi emocionante assistir e comemorar a vitória da seleção brasileira longe do país. A união é maior e muito mais calorosa. Super experiência !!!
Porém, a final da Copa foi frustrante. Todos lembram do desastre da seleção frente os franceses. O pior foi aguentar no dia seguinte, o diretor da escola, que é claro, é francês, caçoando da gente.
Fomos novamente assistir o jogo na Casa Brasil, no mesmo esquema da semi-final, confiantes e prontos para mais uma festa. Lembro que neste dia, como a maioria dos estudantes estrangeiros, estávamos sem dinheiro para a passagem do metro, e fizemos uma coisa bem feia...pulamos a catraca...crianças não façam o mesmo...Enfim! a segurança não é lá essas coisas ou fingiram não ver 4 garotas burlando a lei...
Mas nada de festa, no final do jogo voltamos para casa curtir uma ressaca moral.

A vida em Madri

Ah, a vida em Madri...

Fervilha dia e noite...programas para todos os gostos (cafés, restaurantes, museus, parques, bares). É impossível resistir a essa capital de energia... Para aproveitar Madri é preciso viver como os moradores, comer bem (e muito), beber, aproveitar a vida noturna e dormir após o almoço...a sesta deveria ser lei mundial...E foi exatamente isso que fiz, vivi como uma madrileña (o que não é nada difícil). A capital espanhola proporciona isso as pessoas, que se sintam em casa.
Já na primeira semana, parecia que o mundo ia acabar...aproveitei cada minuto naquela louca e quente cidade, enfim era verão e a temperatura passada de 40 graus. Pela manhã, ia ao colégio e no intervalo das aulas, ao mercado que ficava ao lado da escola (comer os maravilhosos doces espanhóis). Ao final, almoçávamos em restaurantes aos arredores. Como no programa do intercâmbio só estavam inclusos o desayuno e a cena, tínhamos que bancar a refeição do meio dia. O bom é que há restaurantes pequenos e charmosos, com mesas na calçada e de boa qualidade, espalhados pela cidade, e é claro, com a maravilhosa vantagem de ser de baixo custo. Aqui, vale salientar que em 1995 o Euro não estava unificado em toda a Europa e a moeda local era peseta.
O "pacote" de almoço incluía uma entrada, um prato principal (geralmente massa ou peixe) e uma sobremesa (deliciosos flans de baunilha)...Maravilhoso, mas engordativo. Mais uma vez dá para entender a necessidade da sesta.
Durante esse período após o almoço, onde a cidade literalmente para, aproveitávamos para nos descansar também, geralmente deitada em uma das lindas praças locais ou sentada nas cadeiras da Plaza Mayor. Depois, quando Madri retornava a mil, por volta das 16 horas, era só caminhar e descobrir o que a cidade tinha a oferecer...
Voltava para casa às 20 horas, ainda claro por causa do horário de verão e tomava um banho. Detalhe: na Espanha um banho é mais do que suficiente, mesmo no verão - eles tem esse pensamento meio francês de "economizar" água. O jantar era outro exagero gastronômico, uma salada de entrada, um "super" prato principal e uma sobremesa, nesse caso, melancia, sempre banhado de vinho (de caixinha tetra pak) ou cerveja. Rosario sempre sentava-se ao meu lado na mesa, para conversarmos e bebermos, é claro, ela também era chegada em uma birita. Mas convenhamos, a alimentação é extremamente saudável e balanceada, o que talvez explique toda a disposição e alegria daquele povo.
Após o jantar, era só me arrumar para a balada. Às 22/23 hrs saíamos, sempre de metro, que tem uma extensa e fácil linha férrea, e iniciávamos a noite em bares, pois é, no plural, pois como não há aquela tal consumação de entrada, frequentar vários bares em uma noite é comum.
Os bares na chamada Madri Vieja são excelentes. Com boa música, boa comida, gente bonita e muita diversão, são "esquenta" fácil para uma balada mais nervosa, que começa depois das 2 da madrugada, ou seja, chegar em casa às 7 da manhã não é nada absurdo na Madri que nunca dorme (pois já dormiu o suficiente durante a sesta).
As quintas-feiras íamos sempre ao Palácio Gaviria (calle Arenal, 9), que promoviam festas para os estrangeiros, com alta concentração também de madrileños. Um lugar fascinante, antigo palácio europeu, com largas e suntuosas escadas e diversas obras de artes espalhadas pelos imensos e exuberantes salões. Em cada um, tocava um ritmo diferente de música (para todos os gostos). E o povo dançava, ah, como dançavam...eu, que gosto pouco de admirar o sexo masculino requebrando, amei. Detalhe, quem imagina que o brasileiro é "tarado" e rápido na azaração, errou, os espanhóis tem um sex-appeal e uma "calienzia" imbátiveis. Fácil ser abordada, o problema é ensiná-los o momento de parar (passar a mão no bumbum de estranhos é um ato comum).
Mas não é só de festa que vive Madri. Os parques são maravilhosos e os museus também são magníficos. Aproveitei minha estada em Madri para fazer um curso de arte espanhola, que tornou-se a minha paixão. Picasso, Dalí e Miró são conhecidamente admiráveis, mas essa arte vai muito além. Todos falam sobre o grande Museu del Prado, com obras notórias de Goya e Velasquez, mas o que mais gostei foi o Reina Sofía, onde estão concentrados as mais importantes obras de Picasso e Dalí, inclusive a gigante Guernica. Lá também pude admirar a exposição itinerante de Federico García Lorca, escritor espanhol, que foi executado com um tiro na nuca, vítima da Guerra Civil Espanhola. Além disso, vale a pena a visita a Fundação Lázaro Galdiano, onde a quantidade de pessoas é limitada, sendo necessário agendar a visita.
As compras: além do famoso El Corte Inglês, há várias lojas acessíveis na região da Gran Via e Puerta del Sol, além daquelas espalhadas pelos shoppings ou as luxuosas no bairro de Salamanca (entrei na Louis Vuitton, após passar por um segurança enorme, só para "ver" o precinho de uma "pochete" - sai correndo). Foi lá também que conheci a rede Zara e me apaixonei. Além de comprar várias roupinhas, com tamanhos bem brasileiros, trouxe presente para todos.
E as touradas...não sou adepta dessa prática, mas não pude deixar de conhecer a Plaza Toros de las Ventas. Sorte: assisti um show de blues e flamenco com Raimundo Amador e o magnífico B.B. King...Demais! O surpreendente mesmo foi a prática da plateia, todos fumando haxixe, homem, mulher, jovem, "maduro"...era uma passassão de "beck"...Policias estavam lá para manter a paz e não recriminar o consumo da droga, que é claro, também é ilegal naquele país...Enfim, no meio disso tudo, troquei a maconha pelas cervejas oferecidas por um grupo de "senhores".
Madri é o lugar que escolhi para viver....um dia, é claro !!!

  • Museus: Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (calle Santa Isabel, 52), Museu do Prado (Paseo del Prado, s/n), Museu Lázaro Galdiano (calle Serrano, 12)
  • Praças: Puerta del Sol, Plaza Mayor, Plaza de las Cibeles, Plaza de España, Plaza de Colón, Parque del Retiro
  • Outros passeios imperdíveis: Palácio Real (calle de Bailén), Igreja de São Jeronimo o Real (calle de Moreto, 4), Puerta de Alcalá, Estação Puerta de Atocha, Estádio de futebol Santiago Bernabeu (paseo de la Castellana).










terça-feira, 20 de julho de 2010

Intercâmbio - a melhor experiência

Julho de 1998 - depois de uma frustrante programação de viagem turística, resolvi inovar. Decidi fazer um intercâmbio, unir turismo, aprendizagem e muita experiência.
Em princípio, já que a Copa do Mundo seria na França e eu sou apaixonada por futebol, este país tornou-se a minha opção. Não sabia (e ainda não sei) uma palavra em francês, pelo menos nada além de bonjour, merci, s'il vous plait, çe va...para manter uma diálogo básico decente.
Mas enfim, estava indo lá para isso mesmo - aprender francês. Porém, fui convencida pela agente da STB a trocar meu destino. Por ser uma capital cara por natureza e ainda mais em época de Copa, não era aconselhável me aventurar por lá.
Então, para onde ir?! Como já disse, EUA no way. Claro, como não!!!! ESPANHA. Sou descendente de espanhol, convivi com meu avô e seu estilo fúria de ser por anos. Nada melhor do que conhecer as minhas origens.
Foi a melhor opção da minha vida....
Aí era só decidir entre Madri e Barcelona. Não me lembro ao certo por qual razão, mas escolhi a capital, MADRI. PS: meu avô nasceu em Granada, mas não tinha essa opção.
Dessa vez, sem nenhum imprevisto, parti sozinha para a minha primeira viagem internacional. Me lembro que meus pais e meu irmão foram até o aeroporto de Guarulhos para se despedir e é claro, recomendar os famosos juízos, até porque eu tinha "só" 20 aninhos.
Voei na extinta compania aérea Varig (belo voo por sinal). Muitos jovens nesse avião, entre eles algumas moças com o mesmo objetivo, mas divididos entre Madri, Barcelona e Salamanca (não me lembro da agente ter me dado essa opção).
Depois de 10 horas de voo, chegamos a Madri. E agora, o que fazer? Ninguém estaria lá no aeroporto me esperando! Um ex namorado, que morou lá, me deu umas dicas de trajeto até a "minha casa madrilenha", ou seja, um táxi do aeroporto até a Plaza del Colón e de lá, outro táxi até a casa, próximo ao Parque do Retiro (sem colocar as malas no bagageiro, pois sairia mais caro). Fiz isso, mas até agora não entendi o motivo (será vingancinha de ex?!).
Durante um curto trecho, dividi o táxi com uma outra intercambista. Quando cheguei até a tal praça Colon (é esse mesmo, o Cristovão). Já nessa praça, eu e minhas imensas malas, estávamos caminhando (sem rumo) até decidir em qual rua chamar um novo táxi, quando um sujeito estranho se aproximou. Eu, com aquele receio paulistano, sai correndo. Ok! achei um táxi e consegui chegar no meu destino, calle Amado Nervo.
A minha ladyhouse, Rosario, me tratou muito bem desde o começo. Fazia vários elogios sobre a cor dos meus cabelos ("Que precioso", dizia), contava várias histórias sobre a família, os costumes e tradições, sobre a vida em Madri...e de quebra, cozinhava muito bem. Dedicada, preocupada e impecável.
O apartamento e o meu quarto (sola) eram super aconchegantes. Tudo lindo, mas senti uma saudade do meu país !!!! A primeira estudante que conheci foi Stefany, uma americana do Colorado que estava hospedada na casa da irmã da Rosario, minha vizinha. Louca !!!! Não falava nada de espanhol e eu, perto da Rosario, era proibida de falar outra língua.
No dia seguinte, chegou a outra hóspede da "minha casa", Suzana, uma portuguesa tranquila e conservadora, pelo menos até conviver diariamente comigo...Por um lado era interessante, pois podíamos falar (escondidas) em português.
Outros intercambistas foram também bem especiais: os brasileiros Ana Paula, Luciana, Janaína, João e Marcos, a turca Sheby, os americanos Michelle e Aaron e os suíços, ah os suíços, Andy e Christin.
O colégio, Eurocentro Madri, localizado em uma região contemporânea da cidade (Paseo del Castellano), era muito bacana. A equipe de funcionários era super prestativa, como deve ser. Aulas de gramática, oral e escrita, que começavam as 9 e terminavam as 13 ou 14, não me lembro direito.
Para facilitar a leitura e também a minha memória (enfim, já faz 12 anos), vou escrever essa experiência em tópicos. Mas algo posso adiantar e insistentemente dizer, FOI A MELHOR EXPERIÊNCIA DA MINHA VIDA e aconselho a todos, sem restrição de idade - FAÇAM INTERCÂMBIO !!!!

Primeira frustração

Em 1997, após dois anos de São Paulo, empregada e prestes a curtir minhas primeiras férias, precisava decidir para onde ir.
Pensei em algo sofisticado e é claro, bem longe...Nada de Estados Unidos (não conheço e não tenho grandes expectativas), queria algo mais além...EUROPA...
Me lembro que ao chegar a agente de viagens e contar sobre a minha decisão, ouvi a seguinte frase: "Nossa, é tão difícil um jovem escolher a Europa como destino para sua primeira viagem. Geralmente preferem os EUA".
Pode até ser, mas eu nunca gostei de ser padrão.
Roteiro escolhido: Madri, Barcelona, Nice, Milão, Roma, enfim, um tour de 20 dias entre Espanha, França e Itália. Sabe aquelas viagens do sonho...É, seria !!!
Meses antes da fantástica viagem a Europa, quando estava reunindo toda a documentação para tirar meu primeiro passaporte, adivinhem...São Paulo, centro, uma jovem dentro de uma ônibus lotado...fui assaltada. Levaram a minha carteira, cheque, cartão e todos os meus documentos.
Tive vários problemas depois disso...Resultado: não consegui realizar a minha grande e esperada viagem a EUROPA e nem a lugar nenhum.
Mas um ano depois...

O início

Nasci no interior de São Paulo e sempre tive o desejo de vir para a capital, afinal sou uma mulher do mundo e aquela cidadezinha "tranquila" era pequena demais para os meus sonhos.
Batalhei, batalhei e consegui...com 17 anos, estava aqui. Uma cidade imensa, cheia de gente esquisita, barulhenta, poluida e corrida...Mas não demorou muito tempo para eu me acostumar. Logo me senti a mais paulistana das mulheres !!!! Caminhando (se é que é possível) como se aqui tivesse nascido.
A partir da minha vinda para cá, posso dizer que muita coisa mudou. Como meu próprio irmão diz: deixei de ser boba ! Não é fácil viver (e sobreviver) em São Paulo, ainda mais quando até então, tinha uma rotina tão certinha e dependente.
Ter que fazer escolhas tão abruptas sem poder pedir ajuda e ser cobrado pela opção correta, machuca, expõe, mas me tornou adulta e também vitoriosa. Pois é claro, sinto muito orgulho de tudo o que passei e que conquistei nessa mega e louca cidade...
Enfim...depois de São Paulo, resolvi partir para o mundo. Aqui está ficando pequeno demais para mim...